Distúrbios do Sono: entenda suas causas e tratamentos – Reportagem

Nesta reportagem entenda sobre os Distúrbios do Sono, suas causas e tratamentos.

Dentre eles a Hipnoterapia!

Enquanto o sono não vem…

Reportagem de Caroline Dallagrana, Danilo Siqueira, Giulia Boiko, Luísa Sampaio e Naara Martins (*)

Quantas vezes você já perdeu uma noite de sono estudando para uma prova que teria no dia seguinte ou realizando trabalhos para seu chefe? Ou então não conseguiu dormir por problemas pessoais e insônia? A rotina agitada dos tempos atuais raramente permite que uma pessoa durma tempo suficiente para sentir-se descansada. Tantas atividades fazem com que o sono fique em segundo plano e não seja uma prioridade como deveria.

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Dentre as soluções para problemas de origem psicológica, encontra-se a hipnoterapia, uma terapia que utiliza a hipnose como ferramenta terapêutica. Ela caracteriza-se por um estado alterado da consciência, facilitando sugestões e levando o corpo a um estado de relaxamento, uma alteração fisiológica que favorece o sono. Segundo David Bitterman, hipnoterapeuta e professor de Hipnose Clínica no Instituto Brasileiro de Hipnose e Terapias (IBHT), a hipnoterapia, quando utilizada e ensinada por um profissional capacitado, traz inúmeros benefícios, principalmente relacionados à saúde do sono. “A hipnoterapia pode ajudar porque a hipnose possui ligação direta com o sono. Quando você faz uma hipnose há um rebaixamento da frequência cerebral e isso facilita para que a pessoa relaxe por completo, fisica e mentalmente, e então, como consequência, seu o sono melhora”, explica Bitterman.

A hipnoterapia não possui contra indicações, entretanto seus resultados variam de pessoa para pessoa. O resultado do tratamento geralmente é rápido, mas por tratar-se de uma técnica que possui muitas variáveis e depende do psicológico do paciente, o tempo de tratamento pode reduzir ou aumentar.

Dormir com aparelhos eletrônicos ligados, como celular e computador, atrapalha a qualidade do sono. Recorrer à medicamentos para escapar da fadiga e dar conta das atividades diárias não é uma boa ideia, pois pode trazer diversos efeitos colaterais, além de causar dependência.

Para que uma noite seja considerada bem dormida, cinco etapas do sono são essenciais. Elas compõem um ciclo que dura em média 1h40, que recomeça após esse completado esse período de tempo, ocorrendo, assim, em média, seis vezes durante a noite. Na etapa inicial, o sono é leve e o indivíduo pode ser acordado facilmente, porém seus movimentos são desacelerados. Na segunda fase, o movimento dos olhos são cessados e as ondas cerebrais ficam mais lentas, o corpo esfria e os músculos entram em estágio de relaxamento. A terceira e quarta fase do sono são o momento do sono profundo, onde as ondas cerebrais trabalham da forma mais lenta possível e, se acordada, a pessoa sente-se fraca e desorientada. A quinta e última fase é chamada de REM, sigla em inglês que significa Rápido Movimento dos Olhos. É nela em que os sonhos acontecem, a respiração torna-se rápida, irregular e superficial, os olhos movem-se rapidamente, e os músculos se tornam imóveis. Nessa fase, o ritmo cardíaco aumenta, assim como a pressão arterial.

Infográfico - Ciclo do sono

Infográfico Ciclo do Sono (Fonte: AG Comunique)

A importância do sono para a saúde – Os distúrbios do sono podem ser classificados em oito categorias. As principais são insônia (afeta 40% dos brasileiros, de acordo com estimativas da Organização Mundial da Saúde), distúrbios respiratórios (apneia do sono), distúrbios de ritmo cardíaco e hipersonias. Informações encontradas no site do Hospital Santa Cruz (Av. do Batel, 1889 – Batel) mostram que os casos mais frequentes, envolvem parassonia (caracterizada por movimentos anormais durante o sono que interrompem-o) e a síndrome das pernas inquietas (a pessoa tem a sensação de queimação ou dores nas pernas quando as movimenta há um alívio, por isso passa a ficar muito tempo mexendo-as).

olga judith hernandez fustes - site oficial

Olga Fustes, médica especialista em neurofisiologia clínica e medicina do sono pela Associação Brasileira do Sono (Foto: Site oficial)

Olga Judith Hernandez Fustes, médica especialista em neurofisiologia clínica e medicina do sono, contou à AG Comunique que as pessoas passam um terço de suas vidas dormindo. “É fácil imaginar que o sono tem bastante utilidade para nosso organismo. Existem várias funções comprovadas como a recuperação do processo cognitivo, imunidade e memória”, ressalta a neurofisiologista. A médica ainda comenta sobre os efeitos colaterais fisiológicos da falta de sono (estresse, alterações de humor, sonolência diurna, dificuldade para exercer tarefas comuns, etc) e sobre os fatores que influenciam na qualidade do sono, como exercícios físicos.

Já a psicóloga Ruth Miranda afirma que não só o sono, mas que a qualidade dele é essencial para a saúde mental de uma pessoa. “Nossa saúde depende de diversos fatores sendo que o sono é primordial, pois não é apenas uma necessidade de descanso mental e físico. É durante o sono que ocorrem vários processos metabólicos que, se alterados, podem afetar o equilíbrio de todo o organismo”, comenta a psicóloga.

O que tem feito as pessoas dormirem menos – Noites mal dormidas podem estar relacionadas com diversos problemas psicológicos. Ruth Miranda diz que a ansiedade, depressão e estresse são estados de humor que podem gerar a falta de sono do ponto de vista psicológico. Essa ausência de sono, por sua vez,  pode afetar a capacidade de atenção,  memória, aprendizagem e, consequentemente, comprometer o rendimento físico e intelectual.

Ruth Miranda - Psicóloga

A psicóloga Ruth Miranda (Foto: Arquivo pessoal)

A neurologista conta que além de fatores psicológicos, como a agitada vida moderna, os horários de sono, a luminosidade e ruídos também atrapalham. Os problemas relacionados ao  sono e as noites mal dormidas afetam cada pessoa de diversas formas diferentes e dependem de variáveis tais como idade, profissão e rotina.

Como por exemplo a jornalista Eloísa Malheiros (28), que avalia sua qualidade de sono como boa, tendo em vista que dorme de 7 a 8 horas por dia. “Não tenho dificuldade para acordar cedo mesmo que por algum motivo tenha dormido pouco, como família e emprego novo. Com o passar do dia me sinto mais cansada e indisposta”, comenta Malheiros. Ela ainda afirma que dormir mal afeta principalmente seu humor, e que, para melhorar seu rendimento, toma muito café.

Já Vinicius Guizo (24), aluno de Engenharia de Automação da UTFPR, afirma que dorme de 4 a 6 horas por dia. Seu principal problema é conciliar o sono com o tempo de estudo e trabalho. Guizo acha que as noites mal dormidas são prejudiciais principalmente para a atenção, e utiliza café e energético para melhorar seu rendimento durante o dia. O mesmo acaba ocorrendo com um grande número de vestibulandos que, para dar conta de todo o conteúdo, sacrificam noites de sono. Segundo a médica Olga Fustes o consumo de energéticos e café pode melhorar temporariamente o rendimento das pessoas durante o dia, no entanto, interfere negativamente na hora de dormir, pois além de dificultar o processo de adormecimento, pode trazer efeitos prejudiciais à saúde. O café ocasiona o micro despertar, que por sua vez, afeta a qualidade do sono e causa mais sonolência “o que poderia ser benéfico, acaba sendo prejudicial” afirma.

Por sua vez, a professora Nastasha Salame da Silva, do Departamento Acadêmico de Eletrotécnica (DAELT) da UTFPR, afirma que é muito visível quando um de seus alunos dorme pouco ou mal e orienta-os a descansar, pois a falta de sono afeta diretamente o rendimento acadêmico. A professora também comenta que o principal motivo das noites mal dormidas dos estudantes é a desorganização por deixar os afazeres para a última hora.

Já a dona de casa Fernanda Pereira (32), conta que sua filha Mariana Pereira (8), costuma dormir 10 horas por noite, porém quando dorme a tarde perde o sono a noite. Consequentemente, ao ser acordada pela manhã fica irritada, não consegue prestar atenção em tarefas simples, se concentrar em seus estudos e se queixa de dor de cabeça.

O aposentado Pedro Costa da Silva (79), por sua vez, afirma que mesmo tendo tempo livre para dormir sente-se muito cansado e acaba não relaxando o suficiente, já que seu tempo de sono diário é em torno de 5 horas. Silva conta ainda  que mesmo que seu dia tenha um bom rendimento, gostaria de conseguir dormir mais.

Segundo a neurofisiologista, um adulto deve dormir 8 horas por noite, as crianças e adolescentes devem dormir de 9 a 10 horas e os idosos de 7 ou 8 horas por noite. “Menos de 6 horas de sono é um fator de risco principalmente cardíaco, mas dormir muito também atrapalha” afirma Fustes.

Como solucionar – A banalização dos distúrbios do sono ocorre assim como em outras questões de saúde. Isso faz com que a busca por uma solução se torne mais difícil, já que a pessoa não acredita ter algo sério. A médica especialista em sono Fustes explica que existem mais de 100 distúrbios de sono e a maioria deles tem solução. Logo, o primeiro passo é reconhecer que possui um problema. Além disso, a profissional afirma ser necessário procurar um médico especialista, para que este possa identificar a origem do distúrbio (psicológica ou fisiológica), avaliar as consequências, realizar um diagnóstico com exames, caso seja necessário, e então apresentar quais são as possibilidades de tratamento para cada caso. É importante nunca realizar tratamentos por conta própria, pois a automedicação pode causar danos graves à saúde e os medicamentos podem agravar o caso.

A polissonografia é um exame recomendado para diagnosticar apneia e outros distúrbios do sono como insônia, terror do sono, roncos, bruxismo e sonambulismo. Em Curitiba, o exame é realizado pelo SUS e por hospitais particulares como Vita e Santa Cruz. Durante o exame, um ambiente de quarto é reproduzido, o paciente passa a noite no local e seu sono é monitorado por um técnico, câmaras e eletrodos que medem atividade cardíaca e cerebral, ronco, movimentos e oxigenação. A partir dos resultados obtidos, o médico pode tratar seu paciente de maneira apropriada e direcionada.

Dentre as soluções para problemas de origem psicológica, encontra-se a hipnoterapia, uma terapia que utiliza a hipnose como ferramenta terapêutica. Ela caracteriza-se por um estado alterado da consciência, facilitando sugestões e levando o corpo a um estado de relaxamento, uma alteração fisiológica que favorece o sono. Segundo David Bitterman, hipnoterapeuta e professor de Hipnose Clínica no Instituto Brasileiro de Hipnose e Terapias (IBHT), a hipnoterapia, quando utilizada e ensinada por um profissional capacitado, traz inúmeros benefícios, principalmente relacionados à saúde do sono. “A hipnoterapia pode ajudar porque a hipnose possui ligação direta com o sono. Quando você faz uma hipnose há um rebaixamento da frequência cerebral e isso facilita para que a pessoa relaxe por completo, fisica e mentalmente, e então, como consequência, seu o sono melhora”, explica Bitterman.

A hipnoterapia não possui contra indicações, entretanto seus resultados variam de pessoa para pessoa. O resultado do tratamento geralmente é rápido, mas por tratar-se de uma técnica que possui muitas variáveis e depende do psicológico do paciente, o tempo de tratamento pode reduzir ou aumentar.

Ter uma boa noite de sono é tão importante quanto estudar e trabalhar. Nosso corpo e nossa mente precisam “recarregar suas baterias” para que possamos realizar nossas tarefas diárias com mais qualidade. Portanto, organizar seu sono e dormir por tempo suficiente pode influenciar em toda sua vida. Durma bem e tenha bons sonhos.

(*) Estudantes do 3º período de Comunicação Organizacional da UTFPR

David Bitterman é professor de hipnose clínica no Instituto Brasileiro de Hipnose e Terapias, hipnólogo, hipnoterapeuta, reprogramador Mental Certificado pela Sociedade InterAmericana de Hipnose e graduando em psicologia pela Faculdade Dom Bosco.

Nastasha Salame da Silva é professora do Departamento Acadêmico de Eletrotécnica (DAELT) da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), formada em engenharia elétrica pela Universidade Federal de Viçosa,  mestre em sistemas de energia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e doutora em sistemas de energia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Olga Judith Hernandez Fustes é especialista em Medicina do Sono pela Sociedade Brasileira do Sono, especialista em Neurofisiologia Clínica pela Universidade de La Habana e pela Sociedade Brasileira de Neurofisiologia Clínica, mestre em Medicina do Sono, pela Universidade Pablo de Olavide, Sevilla, Espanha e especialista em Neurociências pela Universidade de Bellaterra, Barcelona, Espanha.

Ruth Miranda é graduada em psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

fonte: AG Comunique https://agreportagens.wordpress.com/2017/06/12/654/